Sobre a meditação - parte 2
O objetivo da meditação é silenciar a mente, parar com a normal sucessão de pensamentos.
Silenciar a mente deve ser o principal objetivo, o resto vem por acréscimo.
A mente é um animal selvagem que tem de ser domado. Podemos imaginar a mente como um touro que teremos de dominar completamente até podermos cavalgá-lo serenamente.
A meditação é um bom exercício mas precisa de muita prática até se obterem resultados visíveis.
Uma das primeiras dificuldades prende-se com o relaxamento do corpo. O relaxamento é o primeiro passo para a meditação e implica “esquecermos” que temos um corpo físico.
Uma técnica simples é, estando numa posição confortável, imaginarmos uma luz azul que vai penetrando lentamente em todo o nosso corpo a partir dos pés. É uma luz suave que vai preenchendo cada parcela interior do corpo, cada órgão, cada músculo, até ao topo da cabeça.
À medida que a luz vai preenchendo o corpo, este vai ficando relaxado.
Como é natural que não se consigam grandes resultados logo de início pode-se ir repetindo o exercício ao longo do tempo e o relaxamento acabará por surgir.
No entanto é importante sublinhar que a meditação tem os seus perigos. Deve ser um processo gradual e, se possível, acompanhado.
Relembramos excertos dum pequeno texto do padre jesuíta Teilhard de Chardin sobre este assunto anteriormente publicado neste blog:
«(eu, considerado como alguém que faz meditação todos os dias!) […] desci ao mais íntimo de mim mesmo, ao abismo profundo donde sinto confusamente que emana o meu poder de acção. […] A cada degrau descido, descobria-se em mim um outro personagem, cujo nome exacto já não podia dizer e que já não me obedecia. […] E então, perturbado com a minha descoberta, quis voltar á luz, quis esquecer o inquietante enigma no confortável ambiente das coisas familiares, – recomeçar a viver à superfície sem sondar imprudentemente os abismos. Mas eis que vi reaparecer diante dos meus olhos experientes, o Desconhecido de quem queria fugir.»
Como se constata, mesmo quem está muito habituado a meditar pode ser surpreendido por situações que não controla.
Por isso nunca é demais realçar que se deve ser cuidadoso nas meditações e que se deve sempre pedir ao nosso guia, mentor, o que cada um achar por bem chamar-lhe que ajude o praticante na meditação de modo a “ir e voltar” em paz.